Segundo o levantamento do Sistema Alerta Rio, 58% das chuvas muito fortes aconteceram nos últimos 14 anos, ou seja, 101 dos 175 dias.
Um levantamento realizado pelo Sistema Alerta Rio, órgão de previsão meteorológica do Centro de Operações Rio (COR), aponta um crescimento na quantidade de dias com chuvas fortes que atingiram o município nos últimos anos, considerando o período compreendido entre os meses de dezembro a abril, o momento do ano mais chuvoso na região Sudeste. Essas chuvas são aquelas com volume acima de 50,1 milímetros no período de uma hora. A série histórica do Alerta Rio começa no ano de 1997. Desde então, foram 175 dias com registros de chuva muito forte, sendo 101 deles ocorridos a partir do ano de 2010.
O levantamento de dados identifica ainda que os dias com chuvas mais intensas tornaram-se cada vez mais comuns e recorrentes no município. Entre os anos de 1997 a 2009, apenas o ano de 1998 contou com mais de 10 dias com registro de chuva muito forte (13 dias). Já entre 2010 e 2023 foram cinco anos que ultrapassaram este valor. Segundo o Alerta Rio, 58% dos dias com mais registro de chuvas muito fortes aconteceram nos últimos 14 anos, ou seja, 101 dos 175 dias.
“Estudos climáticos de grandes centros mundiais de meteorologia já comprovam o aumento da frequência de eventos climáticos extremos em diversas regiões do mundo. Os dados históricos do Alerta Rio apontam também nesta direção, com um aumento da frequência de chuvas muito fortes em 1 hora, entre dezembro e abril, na cidade do Rio de Janeiro nos últimos 25 anos”, explica a meteorologista do Alerta Rio, Juliana Hermsdorff.
O verão 2022/2023 atingiu o 4º maior acumulado da série histórica para o mês de fevereiro: 222,4 mm. Veja a seguir os dados dos cinco maiores registros:
Hoje em dia, com protocolos definidos de fechamento de vias em conjunto com órgãos como a Geo-Rio e a CET-Rio, acionamento de sirenes da Defesa Civil e posicionamento de equipes, o COR consegue reduzir significativamente o tempo de resposta em ocorrências de chuva, como bolsões d’água, alagamentos e chamados de Defesa Civil. Além disso, após mais de 12 anos de operação, o COR conta com uma extensa base de dados e vive uma transição para consolidar-se como um grande centro integrador de informações da Prefeitura do Rio.
“Nosso desafio é colocar inteligência sobre esses dados e encontrar sempre a melhor solução para os problemas que a cidade, um verdadeiro organismo vivo, nos apresenta. Além disso, o uso da inteligência artificial, uma tendência mundial, vai nos auxiliar muito no cotidiano”, destaca o chefe executivo do Centro de Operações, Marcus Belchior.
Tais mudanças no clima tornam ainda mais indispensável à atuação do Centro de Operações Rio, equipamento público de integração para a operação de cidade e previsão do tempo, criado em 2010. O órgão, inclusive, tem buscado parcerias internacionais sobre o tema, como a Universidade de Columbia (EUA), uma das mais influentes e prestigiadas academias do mundo, e que lançou recentemente um centro regional de pesquisas sobre clima e meio ambiente na cidade. Intitulado de Climate Hub Rio, o projeto receberá até 2024 o aporte da Prefeitura do Rio. O Centro de Operações Rio e a Universidade de Columbia conversam para reforçar a colaboração de um grupo de pesquisadores acadêmicos. “O Climate Hub Rio busca aproximar ainda mais as pesquisas científicas, fortalecendo o desenvolvimento de políticas públicas baseadas na ciência. O último relatório do IPCC mostra que o novo normal é termos eventos climáticos mais fortes e frequentes, como estamos vendo com as chuvas no Rio e em muito lugares nos Estados Unidos”, finaliza Camila Pontual, Climate Program Manager do Columbia Global Center – Rio de Janeiro.
