A integração de informações sobre o clima e os dados de saúde pública foi um dos principais pontos destacados na sessão que reuniu o Centro de Operações Rio (COR), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), na primeira participação do COR como palestrante no Urban20. Com foco na importância do olhar local das cidades na busca por soluções para problemas globais, o encontro U20 acontece em paralelo ao G20 e visa proporcionar a troca de conhecimento e experiências entre gestores, pesquisadores e especialistas. O encontro aconteceu nesta quinta-feira (14/11), no Armazém Utopia.
Para um público composto por profissionais de saúde e urbanismo, além de parceiros da academia, setor privado e organizações internacionais, o chefe executivo do COR, Marcus Belchior, falou sobre a necessidade de estratégias inovadoras para que as cidades estejam preparadas diante dos desafios climáticos e de emergências de saúde pública. A criação do Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo, em conjunto com a equipe de Vigilância Epidemiológica da SMS, com base na análise e no cruzamento de dados do clima e de saúde pública, é um dos exemplos pelos quais o Rio se destaca: o município é o primeiro do país a implementar os Níveis de Calor, atribuindo ações específicas a serem adotadas em cada um deles, entre o NC1 e o NC5.
“Há um grande potencial a ser explorado com base na integração de dados e no uso de inteligência para traçar cenários, estratégias e soluções adequadas para diferentes territórios. As práticas adotadas no Rio podem ser adaptadas e aplicadas de acordo com as necessidades de cada município. É fundamental que haja integração entre diferentes áreas da gestão pública com foco no aumento da resiliência das cidades e, especialmente, na proteção das pessoas”, explicou Belchior.
Mediado pelo pesquisador e coordenador do Observatório do Clima e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Christovam Barcellos, o painel “Clima e Saúde – Inteligência epidemiológica para resiliência das cidades e proteção à saúde nas emergências de saúde pública” mostrou como o Rio tem sido pioneiro na elaboração de medidas inovadoras pautadas pelo uso de dados e inteligência.
O coordenador de Vigilância, Preparação e Respostas a Emergências e Desastres da OPAS/OMS, Alexander Rosewell destacou os principais desafios enfrentados pelos sistemas de saúde na adaptação climática, reconhecendo a experiência do Rio ao longo dos últimos anos, e a Superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Gislani Mateus, contextualizou o enfrentamento a crises, como epidemias de dengue e ondas de calor, explicando como a utilização de sistemas de alerta precoces, entre outras medidas, vem se mostrando eficiente no município. Nesta sexta-feira (15/11), o COR participa ainda de outros três painéis.
Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo
Os parâmetros e conceitos usados na elaboração do protocolo foram definidos pelo COR em parceria com o Centro de Inteligência Epidemiológica da SMS (CIE-SMS), a partir de uma extensa pesquisa bibliográfica sobre evidências científicas, os efeitos das altas temperaturas na saúde humana e os protocolos de mitigação do estresse térmico vigentes em todo o mundo e as evidências na cidade do Rio de Janeiro. O CIE-SMS também levou em conta números de atendimentos, hospitalizações e mortalidade na rede municipal de saúde.
A classificação tem cinco níveis de risco – de NC1 a NC5 -, que variam em função da temperatura e da umidade relativa do ar registradas na cidade. O NC também considera modelos numéricos de previsão de temperatura estimados para três dias e atualizados a cada quatro horas. Em caso de mudança na classificação, o COR, responsável pelo monitoramento do NC, emite alertas para a população pelos principais canais de comunicação do órgão e da SMS: site, redes sociais, aplicativo e demais canais de relacionamento com a imprensa.
Urban20: 38 cidades dos países membros do G20 reunidos no debate e na articulação política de recomendações às lideranças mundiais
Fundado em 2018, o U20 é uma iniciativa permanente de diplomacia de cidades, convocada pela C40 Cities – rede global de prefeitos – e pelo grupo de Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU), liderada por uma ou duas cidades-sede que se revezam a cada ano.
O objetivo é promover o debate de pautas como economia, clima e desenvolvimento sustentável urbano. Neste ano, outras 10 cidades observadoras e mais de 50 instituições parceiras, como Google, Fundação Getúlio Vargas, Bloomberg Philanthropies e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Alinhada ao G20, esta edição tem como prioridades a inclusão social e o combate à fome e à pobreza, a transição energética e o combate às mudanças climáticas, a transição climática justa e a criação de empregos verdes e o financiamento para resiliência urbana, entre outros.
Nesta sexta-feira (15/11), o COR participa ainda de outros três painéis dentro das temáticas estabelecidas pelo evento.